O Engano de Eris: Uma Fábula de Trapaça e Destino
Em tempos imemoriais, quando os deuses do Olimpo ainda caminhavam entre os mortais, havia um deus cujo nome era temido e reverenciado por sua astúcia e sagacidade: Eris, o deus da trapaça. Embora seu nome não ecoasse tão alto quanto Zeus ou Poseidon, suas façanhas moldaram destinos e teceram intrigas que marcaram eras.
No santuário resplandecente de Ágora de Delfos, onde os oráculos falavam em enigmas e os heróis buscavam seus desígnios, vivia uma sacerdotisa de rara beleza e sabedoria incomensurável, chamada Clytemnestra. Seu coração era puro e sua devoção aos deuses inabalável, mas seu destino estava prestes a ser entrelaçado com o de Eris de maneira irrevogável.
Eris, observando o mundo dos mortais com seus olhos perspicazes, decidiu que Clytemnestra seria o peão perfeito em seu próximo jogo de trapaça. Disfarçado como um velho mendigo, ele se aproximou da sacerdotisa enquanto ela oferecia incenso aos deuses. "Ó, formosa Clytemnestra," ele murmurou com voz fraca, "conceda a um velho moribundo uma gota de água e o alívio de tuas palavras doces."
A piedade da sacerdotisa era infinita, e ela, sem hesitar, atendeu ao pedido do ancião. Enquanto ela se curvava para oferecer-lhe a água, o disfarce de Eris começou a se dissipar, revelando a majestade sombria do deus da trapaça. "Foste tu, ó Clytemnestra, escolhida para um destino grandioso," ele proclamou, "um destino que somente o mais astuto pode desvendar."
Clytemnestra, aturdida, fitou Eris com olhos cheios de temor e curiosidade. "Que desígnio seria este, ó deus da trapaça?" indagou ela, a voz tremendo ligeiramente.
"Nas profundezas do Olimpo," disse Eris, "reside um segredo que pode alterar o curso da humanidade. Porém, somente aquele que possua coração puro e mente astuta poderá desvendá-lo. Tu és essa pessoa, Clytemnestra, e eu serei teu guia."
Guiada por Eris, a sacerdotisa embarcou em uma jornada que a levou aos confins do mundo conhecido. Eles atravessaram vales encantados, onde as ninfas dançavam ao luar, e cruzaram oceanos tempestuosos, onde Tritão soprava seu concha avisando dos perigos. Em cada passo, Eris testava sua astúcia com enigmas e desafios, e Clytemnestra, com sua sabedoria e pureza de coração, superava cada obstáculo.
Finalmente, chegaram às portas do Olimpo, onde guardiões colossais impediam a entrada de mortais. "Para adentrares o domínio dos deuses," disse Eris, "deves resolver o enigma supremo: Qual é o segredo que nem os deuses podem esconder?"
Clytemnestra ponderou, e após um momento de reflexão, respondeu com serenidade: "O segredo que nem os deuses podem esconder é o coração humano, pois ele é volúvel e misterioso, até mesmo para os olhos divinos."
Impressionado com a sagacidade da sacerdotisa, Eris sorriu e os guardiões abriram caminho. Dentro do Olimpo, Clytemnestra encontrou um espelho de ouro puro. Ao olhar seu reflexo, ela não viu a si mesma, mas as infinitas possibilidades do destino humano, todas entrelaçadas por fios invisíveis de escolhas e consequências.
"Eis o teu prêmio," disse Eris, "o conhecimento de que, embora os deuses possam influenciar, são as escolhas dos mortais que tecem o verdadeiro destino."
Compreendendo a profundidade da revelação, Clytemnestra retornou à Ágora de Delfos, transformada e iluminada. E Eris, satisfeito com a sua trapaça sublime, desapareceu nas sombras, pronto para arquitetar sua próxima engenhosidade.
E assim, a lenda de Clytemnestra e Eris perdurou, um lembrete eterno de que, mesmo entre deuses e mortais, a verdadeira essência do destino reside no coração e na mente daqueles que ousam enfrentar os enigmas da vida.