Numa pequena cidadezinha das Gerais, onde as montanhas abraçam o céu e o pão de queijo tem gosto de saudade, aconteceu um causo que até hoje é lembrado nas rodas de prosa. Era dia de missa na igrejinha da praça, e o povo todo se ajuntou pra ouvir o sermão do Padre Josias, que falava dos pecados e das virtudes com uma voz que parecia ecoar pelos morros.
A missa seguia seu rumo, entre cantorias e rezas, quando de repente um cheiro estranho começou a se espalhar pelo recinto. Era um fedor que não se podia descrever, mas que fazia careta até em santo. O povo se entreolhava, disfarçando o incômodo, mas ninguém queria ser o primeiro a falar.
O Seu Zé da Farmácia pensou: “Credo em cruz! Isso tá pior que remédio vencido.” A Dona Maria do Rosário apertou o terço mais forte e murmurou: “Misericórdia, isso é coisa do cão!” O jovem Tonho, que nunca perdia uma missa pra paquerar as moças, tentou manter a pose, mas seu olhar procurava o culpado como quem busca agulha no palheiro.
O Padre Josias tentou continuar a homilia, mas até ele estava difícil de aguentar. “Irmãos,” disse ele com a voz embargada, “parece que algum mal-estar se abateu sobre nossa congregação.” E assim, sem mais nem menos, a missa foi dada por encerrada.
O povo saiu rápido da igreja como quem foge de enxame de abelha. Na praça, as conversas eram todas sobre o tal peido misterioso. “Quem terá sido o autor dessa proeza?” perguntavam uns aos outros.
Foi só no fim da tarde que o mistério foi desvendado. O pequeno Juquinha, conhecido por suas travessuras, confessou à sua mãe que tinha sido ele o autor da façanha. “Uai mãe,” disse ele com um sorrisinho maroto, “foi sem querer querendo.”
E assim termina nosso causo mineiro, com um peido que entrou pra história e um menino que aprendeu que certos ventos não devem ser soltos em hora errada. E naquele cantinho de Minas Gerais, sempre que alguém solta um pum na hora imprópria, lembram do dia em que até a missa teve que acabar.
Atividades sobre o texto:
Qual era a ocasião que reuniu o povo na igreja?
a) Um casamento
b) Uma missa
c) Uma festa junina
d) Um batizado
Quem estava conduzindo a missa?
a) Padre Antônio
b) Padre Francisco
c) Padre Josias
d) Padre Pedro
Qual foi a reação inicial do povo ao sentir o cheiro estranho?
a) Começaram a rir
b) Saíram imediatamente da igreja
c) Se entreolharam disfarçando o incômodo
d) Começaram a orar mais forte
O que Seu Zé da Farmácia pensou sobre o cheiro?
a) "Que cheiro gostoso!"
b) "Isso tá pior que remédio vencido."
c) "Deve ser incenso."
d) "Será que é o almoço da Dona Maria?"
O que Dona Maria do Rosário fez ao sentir o cheiro?
a) Começou a rir
b) Chorou
c) Apertou o terço mais forte e murmurou “Misericórdia, isso é coisa do cão!”
d) Saiu da igreja correndo
Qual era a principal preocupação do jovem Tonho durante a missa?
a) Prestar atenção na homilia
b) Paquerar as moças
c) Cantar os hinos
d) Ficar perto do altar
O que o Padre Josias fez quando percebeu o cheiro?
a) Ignorou o cheiro e continuou
b) Saiu correndo da igreja
c) Encerrou a missa
d) Começou a rir
Como o povo reagiu ao sair da igreja?
a) Foram comer pão de queijo
b) Começaram a conversar sobre o cheiro
c) Voltaram para casa sem falar nada
d) Ficaram rezando na praça
Quem foi o responsável pelo cheiro na igreja?
a) Padre Josias
b) Dona Maria do Rosário
c) O pequeno Juquinha
d) O jovem Tonho
Como Juquinha descreveu sua ação à mãe?
a) "Foi sem querer querendo."
b) "Foi uma brincadeira."
c) "Foi de propósito."
d) "Eu não fiz nada."