O Espião da Vila
Ah, que saudade eu tenho daqueles dias na nossa vilinha rústica lá no interior de São Paulo! Meu nome é Pedro, mas a criançada me chamava de "Espião". Isso porque eu adorava ficar de olho nos vizinhos e suas rotinas. Parecia que cada casinha da nossa rua guardava um segredo mágico, uma história que eu estava determinado a descobrir.
Logo de manhã, minha mãe me mandava comprar pão na padaria do Seu João. Eu ia correndo pela estradinha de terra, descalço mesmo, sentindo o chão quente sob os pés. Mas não pense que eu ia direto pra padaria, não! Eu parava em cada cantinho, em cada cerca, só pra dar uma espiadinha.
A Dona Maria, por exemplo, todos os dias ao meio-dia saía pra dar comida pras galinhas. Ela conversava com elas como se fossem gente. "Vamos, meninas, comam tudinho!" E eu achava engraçado, imaginando se as galinhas respondiam de alguma forma que só ela entendia.
Tinha também o Seu Antônio, que era o mestre das artes marciais. Ele tinha montado um dojo improvisado no quintal e treinava uns movimentos que eu nunca tinha visto. De vez em quando, ele dava uns gritos que ecoavam pela vila inteira. "Kiai!" Eu ficava escondido atrás do pé de jabuticaba, tentando imitar seus golpes depois.
Mas o que mais me fascinava mesmo era a casa do Seu Joaquim. Ele era um senhor muito misterioso, vivia sozinho e ninguém sabia ao certo o que ele fazia. Diziam que ele era um inventor. Certa vez, eu vi ele carregando umas engrenagens e umas peças esquisitas para dentro de casa. Minha imaginação voava alto, pensando que ele estava construindo uma máquina do tempo ou algo assim.
Um dia, enquanto eu observava a movimentação na vila, reparei que havia uma agitação diferente na casa do Seu Joaquim. As janelas estavam abertas e ele parecia estar numa correria danada. Meu coração disparou de curiosidade. Será que era o dia em que ele finalmente revelaria sua invenção?
Cheguei mais perto, escondido atrás de uma árvore. De repente, ouvi um barulho estranho, como um "crack!" seguido de um grito. Não pensei duas vezes, pulei a cerca e corri até a casa dele. Encontrei o Seu Joaquim caído no chão, com uma expressão de dor. Ele tinha tropeçado e machucado o tornozelo.
Com o coração na boca, ajudei ele a se levantar e levei até uma cadeira. "Obrigado, garoto", ele disse com um sorriso fraco. Foi aí que eu vi: no meio da sala, havia uma máquina enorme, cheia de luzes piscando e sons estranhos. Não era uma máquina do tempo, mas parecia algo saído de um filme de ficção científica.
"Isso aí é meu projeto de vida", explicou ele, enquanto eu olhava tudo com os olhos arregalados. "Uma máquina que consegue transformar lixo em energia." Eu não podia acreditar! O Seu Joaquim estava tentando salvar o mundo ali, na nossa pequena vila.
A partir daquele dia, comecei a ajudar o Seu Joaquim com sua invenção. Ele me ensinou um monte de coisas sobre ciência e engenharia, e eu, em troca, ajudava ele a pegar ferramentas e fazer pequenos consertos.
E assim, o espião da vila se tornou o ajudante do inventor. Quem diria que observar os vizinhos me levaria a uma aventura tão incrível? Eu nunca vou esquecer aqueles dias e as lições que aprendi com o Seu Joaquim. E quem sabe, um dia, a gente ainda consiga transformar o mundo, começando pela nossa pequena vila rústica no interior de São Paulo.
Questões de Compreensão
Qual é o apelido do narrador e por que ele é chamado assim?
- A) Pedrinho, porque ele é pequeno.
- B) Espião, porque ele gosta de observar os vizinhos.
- C) Pipo, porque ele sempre come pipoca.
- D) Zé, porque é um nome comum.
Como Pedro vai até a padaria de Seu João?
- A) De bicicleta.
- B) De carro.
- C) Descalço pela estradinha de terra.
- D) Correndo pelos campos.
O que a Dona Maria faz todos os dias ao meio-dia?
- A) Lava roupa.
- B) Alimenta as galinhas.
- C) Cuida do jardim.
- D) Vai à feira.
Onde Pedro gosta de se esconder para observar o Seu Antônio?
- A) Atrás do pé de jabuticaba.
- B) No quintal de casa.
- C) Na varanda da casa do Seu Antônio.
- D) Dentro da padaria do Seu João.
O que Pedro imagina que o Seu Joaquim está construindo?
- A) Um robô.
- B) Uma máquina do tempo.
- C) Um carro voador.
- D) Um avião de papel.
Questões de Interpretação e Linguagem
Qual expressão o narrador usa para descrever a sensação de correr descalço pela estrada?
- A) "Sentindo o chão quente sob os pés."
- B) "Vendo o sol brilhar forte."
- C) "Ouvindo os pássaros cantarem."
- D) "Cheirando as flores do campo."
Qual expressão o narrador usa para descrever o som que ouviu na casa do Seu Joaquim?
- A) "Boom!"
- B) "Crack!"
- C) "Bang!"
- D) "Splash!"
Como Pedro descreve a máquina que viu na casa do Seu Joaquim?
- A) "Uma máquina cheia de engrenagens."
- B) "Uma máquina com rodas."
- C) "Uma máquina enorme, cheia de luzes piscando e sons estranhos."
- D) "Uma máquina de fazer sorvete."
Qual foi a reação de Pedro ao ver o Seu Joaquim machucado?
- A) Ele ficou assustado e correu para casa.
- B) Ele ajudou o Seu Joaquim a se levantar.
- C) Ele chamou a Dona Maria.
- D) Ele riu da situação.
Qual é a lição que Pedro aprendeu com o Seu Joaquim?
- A) A importância de observar os outros.
- B) A importância de ajudar os outros e aprender com eles.
- C) A importância de brincar.
- D) A importância de estudar matemática.
Questões de Reflexão
Por que Pedro achava engraçado a Dona Maria conversar com as galinhas?
- A) Porque ele não gostava de galinhas.
- B) Porque ele pensava que as galinhas respondiam de alguma forma.
- C) Porque ele queria alimentar as galinhas também.
- D) Porque ele gostava da voz da Dona Maria.
O que fez Pedro decidir ajudar o Seu Joaquim?
- A) Sua curiosidade e o desejo de aprender.
- B) A necessidade de ganhar dinheiro.
- C) A vontade de se mudar para outra vila.
- D) O desejo de brincar com os amigos.