Chico sabia que o pombo não era muito esperto, mas era enorme e ocupava sempre o melhor lugar perto das crianças que jogavam pão. Com uma ideia em mente, o pardal voou até a fonte, onde Tonho costumava descansar após suas refeições.
— Ei, Tonho! — chamou Chico, pousando em um galho próximo. — Você já ouviu falar de uma nova padaria aqui na praça? Dizem que eles deixam as sobras de pão por lá, fresquinhas e crocantes.
O pombo ergueu a cabeça, intrigado. Ele adorava pão fresco, e, sendo tão grande, costumava ser o primeiro a se fartar.
— Padaria? Onde? — perguntou o pombo, já lambendo o bico.
— Ali, depois da fonte, perto da grande árvore. Mas você tem que ser rápido, pois outros pássaros já descobriram. Se eu fosse você, voaria para lá agora! — respondeu Chico, tentando parecer despreocupado.
Sem pensar duas vezes, Tonho abriu as asas e voou desajeitadamente em direção à árvore, desaparecendo no horizonte.
Enquanto o pombo se afastava, Chico desceu até o chão e, sem concorrência, começou a comer as migalhas que os transeuntes jogavam. Aproveitou cada pedaço com rapidez e alegria.
Pouco tempo depois, Tonho voltou voando, cansado e sem nada no bico.
— Chico, não havia pão nenhum lá! — reclamou o pombo, irritado.
O pardal, fingindo surpresa, respondeu:
— Sério? Que azar o seu, Tonho. Talvez cheguem mais tarde... ou talvez você só tenha voado devagar demais. De qualquer forma, obrigado por me avisar. Aqui também tinha pão, e sobrou bastante para mim.
O pombo, ainda sem entender a artimanha, sacudiu as penas, resignado, enquanto o pardal voava alegremente para o próximo banquete. E assim, Chico aprendeu que, com inteligência e esperteza, até o menor dos pássaros podia se dar melhor que o maior.