Opa, deixa eu te contar uma história de quando eu tinha uns onze anos, lá por volta de 1955. Naquela época, tudo parecia grande e misterioso, sabe? A televisão tinha acabado de chegar lá em casa – uma caixa gigante com uma tela piscando em preto e branco, parecia mágica pura! Mas quem disse que eu gostava de ficar só sentado assistindo? Eu era do tipo inquieto, um "inventador" de mão cheia.
Minha mãe dizia que eu tinha a cabeça nas nuvens e que uma hora dessas ia acabar botando fogo na casa com minhas invenções. Vai vendo: eu juntava tudo que era bugiganga que encontrava. Um dia achei uma lata de biscoitos velha lá no fundo do armário. Bati o olho e pensei: “Ora, com uns elásticos, umas tampinhas e um pouco de fita adesiva, isso aqui vira uma nave espacial!” Tá achando que eu não era sabido?
Foi uma aventura e tanto. Era só fechar os olhos e eu já estava viajando por galáxias inteiras. O quintal de casa, com aquele monte de mato e as árvores, virava o espaço sideral. Meu foguete, a lata de biscoitos, era o mais potente que o mundo jamais vira. E eu, o primeiro astronauta do bairro! Cheguei a botar a lanterna na frente da lata, imaginando que era um farol de nave.
Meu pai ria que só, achando que eu tinha inventado a maior maluquice do ano. Mas ele nunca dizia nada – acho que no fundo ele curtia ver a bagunça. Só que não era bagunça, era ciência, poxa! Todo dia eu tinha uma invenção nova, e quem tava comigo sabia: eu tava sempre prestes a criar algo que ia revolucionar o mundo, ou pelo menos o bairro.
Quando lembro disso, parece até mentira o tanto de coisa que eu inventava com quase nada. O que não inventei com sucata e umas caixas de papelão? No meu mundo, qualquer tralha era ferramenta para alguma engenhoca. Pode ser que nada daquilo funcionasse de verdade, mas, pra mim, tudo aquilo era real. E, quer saber? Eu jurava que um dia ainda ia fazer um foguete de verdade e que ia deixar todo mundo de queixo caído.
10 perguntas para explorar a crônica "Minhas Engenhocas e Sonhos de Quintal".
Compreensão Geral:
Qual era o sonho do personagem principal e como ele usava objetos simples para "realizar" esse sonho?Interpretação de Expressões Populares:
Explique o significado da expressão "cabeça nas nuvens" usada na crônica. Qual efeito essa expressão cria sobre o personagem?Análise de Advérbios:
Encontre um advérbio que descreva como o personagem executa suas invenções e explique como ele contribui para mostrar o entusiasmo ou a energia dele.Gírias e Tempo:
A crônica usa gírias como "inventador" e "bugiganga". Como essas palavras ajudam a situar o texto na década de 1950 e tornar a narração mais autêntica?Estilo do Gênero:
Que elementos da crônica mostram que é um texto em primeira pessoa? Cite uma frase que destaque esse ponto de vista.Empatia com o Personagem:
Como você acha que o narrador, agora mais velho, se sente ao lembrar de suas invenções de infância? Qual frase transmite essa emoção?Reflexão sobre o Uso de Gírias e Linguagem Informal:
Por que o autor escolheu usar uma linguagem mais informal e regional? Como isso afeta a conexão do leitor com o personagem?Reconhecimento de Sentimentos e Sonhos:
Identifique uma frase que mostre a ambição e o otimismo do personagem. Como essa frase reflete o espírito da época?Comparação de Realidade e Imaginação:
Como o personagem mistura realidade e imaginação no quintal? Cite uma passagem que mostre esse "mundo de invenções" na visão dele.Análise da Linguagem Nostálgica:
Que palavras ou frases você percebeu que indicam nostalgia? Como isso contribui para o tom da crônica e a visão do narrador sobre o passado?