Carnaval Raiz: Pipoca, Glitter e Caminhão-Palco
Ah, meu amigo, se você nunca pulou um Carnaval no interior, você nem sabe o que é folia de verdade! Hoje em dia tem trio elétrico, som potente, fantasia comprada na internet… Mas, nos tempos bons mesmo, Carnaval era no meio da praça, com um caminhão velho instalado de palco e um animador que gritava no microfone: "Bora, meu povo, que hoje ninguém dorme!"
A criançada corria pra lá e pra cá, tudo melado de suor e confete. As mães ficaram sentadas nos banquinhos da praça, abandonando o rosto com um pedaço de papelão e dizendo: “Só vai até meia-noite, viu?” , mas no fundo todo mundo sabia que só eu sairia quando o sanfoneiro largasse.
O vendedor de pipoca já sabia: era só soltar o primeiro batuque que a fila dobrava de tamanho. E o danado gritou: "Pipoca quentinha, quem vai querer?" A turma comprou um saquinho, encheu a boca e saiu pulando, derrubando metade no chão. Os pombos fizeram a festa!
E como fantasias? Ah, era tudo no improviso! Nada de loja, nada de site da China! Se não tivesse fantasiado, um lençol virava capa de super-herói, um vestido velho da mãe virava roupa de baiana, e um pedaço de papel-alumínio na testa já transformava qualquer um em astronauta. E quem não tinha nada, botava um bigode de carvão no rosto e dizia que era pirata.
E o brilho? Esse não faltava! Mas não era comprado, não! Era aquele que ficou grudado no corpo desde o ano passado. A pessoa se lavava, tomava banho de rio, mas na hora do Carnaval, ele aparecia de novo.
Os bloquinhos saíram pelas ruas, com um tamborzinho aqui, uma buzina ali, um tio bêbado no meio, achando que sabia sambar. E as crianças? Ah, esses se enfiavam no meio dos adultos e voltavam pra casa com o cabelo duro de suor e os pés encardidos de tanto dançar.
Quando a noite caía, o caminhão-palco balançava com a turma pulando em cima. O cantor desafinava? Claro! Mas ninguém ligava! A única coisa que importava era que no dia seguinte tinha mais!
E assim, meu amigo, o Carnaval ia passar… até que, do nada, o primeiro trovão ressoava no céu. Aí já era! As mães começaram a juntar os filhos, as senhoras recolharam as cadeiras de palha, e o vendedor de pipoca gritaram: "Corre que lá vem chuva!" Mas no fundo, ninguém queria ir embora.
Porque Carnaval de verdade não tem luxo, não tem frescor. Carnaval bom é esse, do jeito que o povo do interior gosta: com glitter no rosto, pipoca na mão e um caminhão elétrico de trio elétrico.
E pode ter certeza: quem viveu, viveu! Quem não viveu… bem, só lamento!
Perguntas :
1. Qual é o tema principal da crônica?
A) A importância do Carnaval no Brasil moderno.
B) Uma nostalgia do Carnaval no interior do Acre.
C) Como organizar um desfile de Carnaval.
D) O surgimento do Carnaval nas cidades grandes.
2. Qual é o objetivo principal do texto?
A) Convencer as pessoas a celebrarem o Carnaval na cidade grande.
B) Explicar a origem do Carnaval e suas regras.
C) Contar de forma divertida como era o Carnaval antigamente no interior.
D) Ensinar como fazer fantasias para o Carnaval.
3. No trecho "E o brilho? Esse não faltava! Mas não era comprado, não! Era aquele que ficou grudado no corpo desde o ano passado.", o autor quer dizer que:
A) O glitter era tão barato que todos podiam comprar.
B) As pessoas usavam o mesmo glitter todo ano porque gostavam muito.
C) O brilho era difícil de sair e ainda aparecia no ano seguinte.
D) Ninguém gosta de usar glitter no Carnaval.
4. Sobre o narrador do texto, é correto afirmar que:
A) Ele fala de forma séria e formal, sem expressões regionais.
B) Ele utiliza uma linguagem próxima da oralidade, com expressões típicas.
C) Ele usa um tom acadêmico para explicar o Carnaval.
D) Ele apenas descreve os fatos sem dar opinião.
5. No trecho "Os bloquinhos saíram pelas ruas, com um tamborzinho aqui, uma buzina ali, um tio bêbado no meio, achando que sabia sambar.", qual é o efeito de humor utilizado?
A) Ironia, ao descrever o que você acha que sabe sambar.
B) Exagero, pois ninguém dança no Carnaval.
C) Comparação, mostrando que o tio é igual a um dançarino profissional.
D) Suspense, para criar mistério sobre quem é o tio.
6. O que podemos concluir sobre o Carnaval do passado descrito no texto?
A) Era muito organizado e parecido com os desfiles das grandes cidades.
B) Era simples, mas muito animado e cheio de improviso.
C) Não era muito divertido, pois não tinha trios elétricos.
D) As pessoas preferem ficar em casa do que participar da festa.
7. A frase "Se não teve fantasia, um lençol virava capa de super-herói, um vestido velho da mãe virava roupa de baiana" mostra que:
A) As pessoas do interior não gostam de Carnaval.
B) Havia criatividade e improviso na hora de se fantasiar.
C) Todos compravam fantasias prontas em lojas.
D) O Carnaval não era comemorado com fantasias.
8. Qual palavra do texto indica que o Carnaval no interior era uma festa coletiva, com a participação de muitas pessoas?
A) Nostalgia.
B) Improviso.
C) Turma.
D) Brilho.
GABARITO
- B) Uma nostalgia do Carnaval no interior do Acre.
- C) Contar de forma divertida como era o Carnaval antigamente no interior.
- C) O brilho era difícil de sair e ainda aparecia no ano seguinte.
- B) Ele utiliza uma linguagem próxima da oralidade, com expressões típicas.
- A) Ironia, ao descrever o que você acha que sabe sambar.
- B) Era simples, mas muito animado e cheio de improviso.
- B) Havia criatividade e improviso na hora de se fantasiar.
- C) Turma.